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Descubra como a ergonomia ocupacional previne LER/DORT na indústria, aumenta produtividade e garante conformidade com a NR-17. Guia completo para profissionais de SST.
Todos os anos, mais de 200 mil trabalhadores brasileiros são afastados de suas atividades devido a Lesões por Esforços Repetitivos e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT). Essas condições representam a principal causa de afastamento no Brasil, respondendo por cerca de 30% dos casos de auxílio-doença acidentário concedidos pelo INSS.
O impacto econômico é devastador: estima-se que cada trabalhador afastado por LER/DORT gera custos que variam entre R$ 80 mil e R$ 120 mil para as empresas, considerando despesas com substituição, perda de produtividade, processos trabalhistas e danos à imagem corporativa.
A boa notícia é que existe uma solução estratégica e cientificamente comprovada para reverter esse cenário: a ergonomia ocupacional. Mais do que adequar cadeiras e mesas, a ergonomia moderna é uma disciplina multidisciplinar que transforma ambientes de trabalho, protege a saúde dos colaboradores e impulsiona resultados empresariais. Neste artigo, você descobrirá como implementar práticas ergonômicas eficazes e posicionar sua empresa na vanguarda da segurança do trabalho.
O que é Ergonomia Ocupacional
A ergonomia ocupacional é a ciência que estuda a interação entre seres humanos e os elementos de um sistema de trabalho, aplicando princípios, dados e métodos para otimizar o bem-estar das pessoas e o desempenho global das organizações. Seu conceito foi estabelecido pela International Ergonomics Association (IEA) e evoluiu significativamente desde a Segunda Guerra Mundial, quando surgiu para melhorar a operação de equipamentos militares.
No ambiente industrial brasileiro, a ergonomia ganhou força a partir da década de 1990, com a criação da NR-17, que estabeleceu parâmetros mínimos para adaptar as condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores.
Os Três Pilares da Ergonomia
A ergonomia ocupacional se divide em três domínios complementares:
Ergonomia Física: Foca nas características anatômicas, antropométricas e biomecânicas relacionadas à atividade física. Aborda aspectos como postura de trabalho, manuseio de materiais, movimentos repetitivos, layout do posto de trabalho e segurança.
Ergonomia Cognitiva: Concentra-se nos processos mentais, incluindo percepção, memória, raciocínio e resposta motora. É fundamental para análise de carga mental, tomada de decisão, interação homem-máquina e prevenção de erros operacionais.
Ergonomia Organizacional: Engloba a otimização de sistemas sociotécnicos, políticas, processos e estruturas organizacionais. Inclui gestão de turnos, trabalho em equipe, cultura de segurança e fatores psicossociais.
Objetivos Estratégicos no Ambiente Industrial
A aplicação da ergonomia nas indústrias busca quatro objetivos principais: prevenir doenças ocupacionais e acidentes de trabalho, aumentar a produtividade e qualidade dos processos, promover conforto e satisfação dos trabalhadores, e garantir conformidade legal com normas regulamentadoras.
Ergonomia Corretiva vs. Preventiva
Entender a diferença entre essas abordagens é crucial para gestores de SST. A ergonomia corretiva atua quando problemas já foram identificados, realizando modificações em postos de trabalho existentes. Embora necessária, tende a ser mais custosa e menos eficaz.
Já a ergonomia preventiva integra princípios ergonômicos desde a fase de concepção de processos, equipamentos e instalações. Essa abordagem proativa reduz significativamente custos, previne passivos trabalhistas e cria vantagem competitiva sustentável.
Principais Causas de LER/DORT na Indústria
O cenário brasileiro é alarmante: segundo dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, entre 2012 e 2023, foram registrados mais de 2,5 milhões de notificações de doenças relacionadas ao trabalho, com LER/DORT ocupando a liderança absoluta. O setor industrial concentra 38% desses casos, especialmente em segmentos como metalurgia, automotivo, têxtil e alimentício.
Fatores de Risco Ergonômicos Críticos
As causas de LER/DORT no ambiente industrial podem ser agrupadas em cinco categorias principais:
1. Repetitividade: Movimentos cíclicos executados continuamente durante a jornada de trabalho, sem variação adequada ou pausas. Linhas de montagem, embalagem e atividades de acabamento são particularmente vulneráveis.
2. Postura Inadequada: Trabalho com o tronco inclinado ou torcido, braços elevados acima dos ombros, pescoço em flexão prolongada, punhos em desvio radial ou ulnar, e permanência prolongada em pé ou sentado sem suporte adequado.
3. Força Excessiva: Aplicação de força manual superior à capacidade biomecânica recomendada, frequentemente observada em operações de aperto, prensagem, levantamento de cargas e uso de ferramentas manuais.
4. Vibração: Exposição a vibrações de corpo inteiro (operação de empilhadeiras, tratores) ou vibração localizada (ferramentas pneumáticas, lixadeiras, marteletes).
5. Mobiliário e Equipamentos Inadequados: Bancadas com altura incompatível com a estatura dos trabalhadores, cadeiras sem ajustes, ferramentas mal dimensionadas e ausência de dispositivos auxiliares.
Atividades Industriais Mais Críticas
Determinados setores apresentam maior incidência de LER/DORT. Na indústria automotiva, operações de montagem e soldagem concentram 45% dos casos. No setor alimentício, linhas de corte, desossa e embalagem representam 52% dos afastamentos. Já na indústria têxtil, costureiras e operadores de máquinas industriais são os grupos mais afetados.
O Verdadeiro Custo das Doenças Ocupacionais
Os impactos financeiros de LER/DORT vão muito além dos custos diretos. Uma análise abrangente revela:
- Custos diretos: Assistência médica, fisioterapia, medicamentos, benefícios previdenciários, indenizações trabalhistas
- Custos indiretos: Perda de produtividade (3 a 5 vezes o custo direto), contratação e treinamento de substitutos, horas extras, retrabalho, impacto no clima organizacional
- Custos intangíveis: Danos à reputação, dificuldade de retenção de talentos, passivos trabalhistas futuros
VOCÊ SABIA?
Para cada R$ 1,00 investido em ergonomia preventiva, as empresas economizam em média R$ 4,80 em custos relacionados a afastamentos, processos e perda de produtividade. Além disso, estudos demonstram que melhorias ergonômicas podem aumentar a produtividade entre 15% e 35%.
Metodologia de Análise Ergonômica do Trabalho
A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) é uma metodologia consolidada para investigar, diagnosticar e propor soluções para problemas ergonômicos. Estruturada em etapas sequenciais, a AET vai além da simples observação, mergulhando na complexidade real das atividades laborais.
As Cinco Etapas da AET
Etapa 1 - Análise da Demanda: Identifica o problema a ser investigado, seja por indicadores de saúde (absenteísmo, queixas), indicadores de produção (retrabalho, qualidade) ou exigências legais. Nesta fase, define-se o escopo e os objetivos da análise.
Etapa 2 - Análise da Tarefa: Examina o trabalho prescrito, documentado em procedimentos, manuais e instruções. Inclui descrição formal das atividades, identificação de equipamentos e ferramentas, análise do ambiente físico e estudo da organização do trabalho.
Etapa 3 - Análise da Atividade: Investiga o trabalho real, ou seja, como as tarefas são efetivamente executadas. Utiliza observações sistemáticas, filmagens, entrevistas com trabalhadores e registros de comportamentos, posturas e estratégias operatórias.
Etapa 4 - Diagnóstico: Confronta o prescrito com o real, identificando contradições, constrangimentos e situações de risco. Estabelece nexo causal entre condições de trabalho e problemas de saúde ou desempenho.
Etapa 5 - Recomendações: Propõe transformações nos sistemas de trabalho, priorizando soluções de engenharia, mudanças organizacionais e, quando necessário, medidas administrativas e equipamentos de proteção.
AEP vs. AET: Entendendo as Diferenças
Com a atualização da NR-17, surgiu a obrigatoriedade da Avaliação Ergonômica Preliminar (AEP), que difere da AET completa em escopo e profundidade.
A AEP é uma avaliação inicial, qualitativa e quantitativa, que identifica perigos e riscos ergonômicos, classifica situações de trabalho e define prioridades de intervenção. É menos aprofundada que a AET e pode ser conduzida por profissionais capacitados em ergonomia.
Já a AET completa é mais detalhada, exige maior tempo de observação e análise, envolve necessariamente a participação ativa dos trabalhadores e requer profissionais com formação especializada. É indicada quando a AEP identifica situações críticas que demandam investigação aprofundada.
A Participação Essencial dos Trabalhadores
Um princípio fundamental da ergonomia moderna é que os trabalhadores são especialistas em seu próprio trabalho. Suas percepções, estratégias e conhecimento tácito são insubstituíveis para compreender a atividade real. Metodologias participativas aumentam a adesão às mudanças propostas e revelam aspectos invisíveis ao observador externo.
Papel do Técnico de Segurança do Trabalho
O técnico de segurança é peça-chave na implementação bem-sucedida de programas ergonômicos. Sua atuação transcende o papel tradicional de fiscalização, exigindo competências analíticas, relacionais e estratégicas.
Competências Essenciais em Ergonomia
O profissional moderno de SST deve dominar:
- Fundamentos de anatomia, fisiologia e biomecânica ocupacional
- Metodologias de análise ergonômica (AEP e AET)
- Ferramentas de avaliação quantitativa e qualitativa
- Interpretação de normas regulamentadoras e legislação trabalhista
- Habilidades de comunicação para sensibilização e treinamento
Atuação Proativa: O Diferencial Competitivo
Enquanto a abordagem reativa aguarda a ocorrência de problemas para agir, a atuação proativa antecipa riscos e integra a ergonomia ao planejamento estratégico. Isso significa participar desde a concepção de novos processos, avaliar equipamentos antes da aquisição, propor melhorias contínuas e monitorar indicadores preventivos.
O técnico proativo não espera afastamentos ocorrerem. Ele analisa indicadores precoces como queixas informais, uso frequente de analgésicos, compensações posturais e pequenas perdas de produtividade.
Trabalho Multidisciplinar: Potencializando Resultados
A ergonomia eficaz exige colaboração entre múltiplas especialidades. O técnico de segurança atua como articulador, integrando:
- Médicos do trabalho: Identificação de nexo causal e acompanhamento de casos clínicos
- Fisioterapeutas: Orientações sobre mecânica corporal e programas de reabilitação
- Engenheiros: Desenvolvimento de soluções técnicas e modificações de layout
- Gestores de RH: Programas de treinamento e políticas organizacionais
- Lideranças operacionais: Implementação prática e sustentabilidade das mudanças
Capacitação Continuada: Investimento Estratégico
A ergonomia é um campo em constante evolução. Novas tecnologias, metodologias atualizadas e mudanças regulatórias exigem atualização permanente. Certificações especializadas não são luxo, mas necessidade para quem deseja atuar com excelência e manter a empregabilidade em um mercado cada vez mais competitivo.
Legislação Aplicável: NR-17 e Marco Regulatório
A conformidade legal em ergonomia é obrigatória, não opcional. Compreender o marco regulatório é fundamental para profissionais de SST que buscam proteger suas organizações de passivos trabalhistas e garantir ambientes de trabalho seguros.
NR-17: Evolução e Principais Pontos
A Norma Regulamentadora nº 17, que trata de ergonomia, foi criada em 1978 e passou por atualizações significativas, sendo a mais recente em 2021. A norma estabelece parâmetros que permitem a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores.
Principais exigências da NR-17 atualizada:
- Realização de análise ergonômica do trabalho para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características dos trabalhadores
- Consideração obrigatória de aspectos relacionados a mobiliário, equipamentos, condições ambientais e organização do trabalho
- Adequação do trabalho ao trabalhador, e não o contrário
- Participação efetiva dos trabalhadores nas avaliações ergonômicas
- Implementação de medidas preventivas e corretivas baseadas em evidências
Avaliação Ergonômica Preliminar: Obrigatoriedade e Escopo
Com a integração ao Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), a AEP tornou-se obrigatória para todas as organizações. Ela deve identificar perigos ergonômicos, avaliar riscos associados, classificar situações conforme nível de risco e propor medidas de controle priorizadas.
A AEP deve ser documentada, atualizada periodicamente (no mínimo anualmente ou quando houver mudanças significativas) e mantida à disposição da fiscalização trabalhista.
Prazos e Penalidades
O descumprimento da NR-17 sujeita as empresas a autuações que variam conforme o porte organizacional e a gravidade da irregularidade. Multas podem atingir valores superiores a R$ 200 mil em casos de reincidência ou situações críticas.
Além das penalidades administrativas, a não conformidade expõe a empresa a:
- Ações regressivas do INSS
- Processos trabalhistas com pedidos de indenização
- Embargo ou interdição de setores produtivos
- Danos à imagem corporativa e dificuldades em certificações
Relação com o PGR
A ergonomia integra o Programa de Gerenciamento de Riscos como um dos agentes de risco a serem gerenciados. A AEP alimenta o inventário de riscos, contribui para a definição de planos de ação e integra o ciclo de melhoria contínua do PGR.
Essa integração promove visão sistêmica da segurança e saúde ocupacional, facilitando a priorização de investimentos e fortalecendo a cultura preventiva.
Garantindo Conformidade Legal
Para manter-se em conformidade, as organizações devem:
- Realizar AEP de todos os postos de trabalho
- Documentar avaliações e planos de ação
- Implementar medidas corretivas priorizadas
- Capacitar profissionais responsáveis pela gestão ergonômica
- Monitorar indicadores e atualizar avaliações periodicamente
- Manter registros organizados e acessíveis
IMPORTANTE:
A conformidade com a NR-17 não é apenas uma questão legal, mas um diferencial competitivo. Empresas certificadas em normas internacionais de qualidade e segurança (ISO 45001, por exemplo) têm na gestão ergonômica um requisito indispensável.
Conclusão
A ergonomia ocupacional consolidou-se como pilar estratégico para organizações que buscam excelência operacional e sustentabilidade social. Mais do que prevenir LER/DORT, ela representa mudança de paradigma: colocar o ser humano no centro do sistema produtivo gera benefícios mensuráveis em produtividade, qualidade, engajamento e competitividade.
Os dados são inequívocos: cada real investido em ergonomia retorna multiplicado em economia com afastamentos, ganhos de eficiência e fortalecimento da marca empregadora. As metodologias apresentadas neste artigo – da AEP à AET completa – oferecem caminhos estruturados para transformar ambientes de trabalho.
Para técnicos de segurança e gestores de SST, o momento é de oportunidade. O mercado valoriza crescentemente profissionais capacitados em análise ergonômica, capazes de traduzir conhecimento técnico em soluções práticas e resultados empresariais. A conformidade com a NR-17 deixou de ser diferencial para tornar-se requisito mínimo.
Investir em qualificação profissional em ergonomia não é despesa, é decisão estratégica que impacta trajetória de carreira e resultados organizacionais. O futuro do trabalho exige profissionais preparados para desafios da indústria 4.0, onde tecnologia e humanização caminham juntas.
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