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Gestão dos Afastamentos - Gestão em SST - Saúde e bem estar -

Desafios no retorno ao trabalho em tempos de pandemia (COVID 19)

30/12/2020

O momento atual é de incertezas. A avalanche de informações sobre a pandemia do COVID-19 tem impactado a vida de indivíduos e as diversas esferas da sociedade, como o trabalho. Nesse ambiente, algumas mudanças se fizeram necessárias para manter a atividade produtiva e reduzir o risco de contaminação. Este artigo visa expor alguns dos desafios vivenciados pelas empresas e pelos trabalhadores nesse novo cenário.

Um dos desafios vividos pelas equipes de RH, saúde, supervisores e trabalhadores é seguir novas diretrizes[1] que abrangem desde a higienização do ambiente até a gestão dos afastados, incluindo o manejo de alguns casos. Neste contexto, a saúde do trabalhador se torna ainda mais importante e deve ser acompanhada, esteja ele na empresa, em home office ou em quarentena.

Na perspectiva dos trabalhadores, estas mudanças têm provocado ansiedade e preocupação com o futuro. Os principais desafios enfrentados estão relacionados a questões como, a potencial ameaça de infecção viral e o medo, algumas vezes excessivo, de se contaminar e contaminar os familiares, principalmente os que estão em grupo de risco. Essa preocupação tem efeito significativo no bem-estar, sono e saúde mental, com possíveis aumentos no presenteísmo e nas ausências ao trabalho (Shaw et al, 2020). Outros desafios estão relacionados a dificuldade de flexibilizar e modificar o trabalho seja para o estabelecimento do home office, seja para retornar a atividade presencial em momentos de pandemia ainda vigentes.

Já, para os trabalhadores que apresentaram sintomas da COVID-19 e retornaram após um período de quarentena, os desafios estão relacionados a sinais e sintomas que podem permanecer por tempo indeterminado, tais como, fadiga e dificuldade de concentração, com repercussão no desempenho. A possibilidade de uma reinfecção e segunda onda de novos casos, já divulgada pela mídia, pode trazer prejuízos comportamentais e emocionais, além de alterar as relações sociais, incluindo as interações com colegas.

Muitos trabalhadores podem estar enfrentando dificuldades no deslocamento para a empresa, em manter as restrições de contato social em salas de treinamentos, por exemplo, utilizar equipamentos ou manter a higienização do posto de trabalho. Outros podem apresentar percepções organizacionais negativas, como insatisfação associada a sensação de um baixo suporte organizacional, além de outros fatores, como estresse e humor deprimido.

Os planos e estratégias devem buscar identificar e antecipar as circunstâncias individuais que afetarão as atitudes e o comportamento. Devem levar em consideração aspectos específicos do setor e da ocupação, tais como fatores físicos, psicológicos e sociais de cada ambiente de trabalho (Shaw et al, 2020).

O diálogo pode ser uma boa prática para a percepção precoce e mitigação de dúvidas da força de trabalho sobre saúde, produtividade, necessidade de adequar horários, cumprir procedimentos, manter o ambiente higienizado e livre de contaminações.

É notado que as empresas proativas adotam protocolos para atender as recomendações em saúde e segurança e prevenção da COVID-19. Além disso, o espírito de cooperação e a comunicação clara e periódica praticadas geram uma relação de confiança, cuidado e boa vontade  com os trabalhadores. Essas empresas têm obtido sucesso na gestão de afastamentos e manutenção da produtividade.

Enfim, para que a permanência e retorno ao trabalho sejam bem-sucedidos durante a pandemia da COVID-19 novas práticas precisam ser implementadas. As empresas devem contemplar necessidades individuais, apoiar os trabalhadores com menos vantagem socioeconômicas e compreender o cenário atual de estresse e ruptura social experimentados em todos os níveis da nossa sociedade.

[1] Organização Mundial da Saúde, Ministério e Secretarias de Saúde e Ministério do Emprego.


Autores:

Ana Cássia Baião de Miranda

Fisioterapeuta | Consultor credenciado do Centro de Inovação do SESI em Prevenção da Incapacidade | Professora da Escola SESI de Gestão em SST

Dra.  Lívia Maria Aragão de Almeida Lacerda

Coordenadora do Centro de Inovação em Prevenção de Incapacidade do Serviço Social da Indústria (SESI) | Professora da Escola SESI de Gestão em SST | Médica | Epidemiologista | Mestre em Planejamento e Gestão da Saúde pelo Instituto de Saúde Coletiva da UFBa. 

Dr. Newton A. Novis Figueiredo

Médico do trabalho | Consultor credenciado do Centro de Inovação do SESI em Prevenção da Incapacidade | Professor da Escola SESI de Gestão em SST

Icleia Santos Dorea Soares

Psicóloga e mestre em Psicologia Organizacional e do Trabalho (UFBA | Consultor credenciado do Centro de Inovação do SESI em Prevenção da Incapacidade). | Professora da Escola SESI de Gestão em SST


Referências:

Guia Prático de Gestão em Saúde no Trabalho, Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT) e Secretaria de Gestão de Trabalho e da Educação em Saúde do Ministério da Saúde (SGETS/MS) - 20/7/2020. https://www.anamt.org.br/portal/wp-content/uploads/2020/07/Guia-Pra%CC%81tico-de-Gesta%CC%83o-em-Sau%CC%81de-no-Trabalho-para-COVID-19_20-07-20.pdf

Guidelines for workplaces to support returning to work, Finnish Institute of Occupational Health - 18/05/2020, updated 07/08/2020. https://www.ttl.fi/en/guidelines-for-workplaces-to-support-returning-to-work/

Opening the Workplace After COVID-19: What Lessons Can be Learned from Return-to-Work Research?, Shaw, William S; Main, Chris J; Findley, Patricia A; Collie, Alex; Kristman, Vicki L; et al.Journal of Occupational Rehabilitation; New York Vol. 30, Ed. 3, (Sep 2020): 299-302. DOI:10.1007/s10926-020-09908-9 - Published online: 19/06/2020

 

 

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